domingo, 26 de outubro de 2014

INTERVALO PARA O TRABALHO



Intuição
Eu sabia que cedo ou tarde, eu ia procrastinar em relação ao Eu Gosto de Verde, não que eu não tenha motivos plausíveis pra isso, mas eu sabia que ia acontecer. Pela ordem cronológica da coisa, o andar da carruagem, o correto ou óbvio seria eu postar a sequência de meu mochilão pelo Uruguay, mas calma, eu voltarei com isso. 

Explico
Acontece, que nas últimas semanas têm acontecido muitas coisas que eu julgo fundamentais no meu cotidiano, e são fatos tão sinceros, que acho legal compartilhar com quem por aqui passa. São simples, como o blog e os assuntos que aqui norteiam, mas pra mim são valiosos. Outro fator relevante é a intensidade do trabalho, tenho acordado, na maioria das vezes, por volta de 3h30min e 4h da manhã, moro um tanto longe da empresa, tenho que pegar Rodovia e záz, de maneira nenhuma quero que soe como reclamação, amo o que faço, mas ao chegar em casa, por volta das 22h o que me resta é apenas a cama, daí a minha ausência e falta de vontade.

Projetos
Bem, atualmente trabalho em dois projetos da mesma empresa, atuando claro, com espetáculos multilinguagens como define o dono da marca, que vai até a Escolas do Estado de São Paulo, desde estaduais, municipais, até particulares, dialogando com dois grupos importantes, ao meu ver, da nossa sociedade: as crianças e os adolescentes. É claro que os projetos são separados para os dois públicos, pois apresentam abordagens diferentes. Basicamente os espetáculos infantis baseiam-se em ensinar bons motivos para ser educado com o trato das pessoas à sua volta. Um exemplo disso é o espetáculo, baseado em um texto de Oscar Wilde, chamado Contando Virtudes, nele o gigante egoísta Esmaga Montanhas aprende a importância da generosidade, talvez clichê, mas acreditem pode fazer diferença no psicológico de uma mente em formação. E não falo isso baseado no meu "achometro", mas no feedback dos próprios pequenos.
Bem, os espetáculos voltados para o público adolescente já entram com questões mais densas, um deles na qual eu trabalho especificamente, é o Quanto Vale o Seu Riso, nele o tema é o bullying, todo baseado em histórias reais para que o tom fique bem mais interessante.

Geral
Falando um pouco do apanhado geral dessa experiência eu ressalto a forma como consigo observar o mundo, afinal estou tendo contato direto com a população que está formando a nova geração de um pedaço do nosso país, aliás um belo pedaço tratando-se da metrópole São Paulo. Tenho um caminhão de histórias, engraçadas, tristes e bizarras, mas mesmo assim ainda existe uma pequena porcentagem de otimismo na minha visão, nem que seja uma minoria, mas que pelo menos um a cada dez crianças/adolescentes saiam de lá com um "algo a mais" é gratificante se trabalhar.

Uma dentre tantas
Esta semana ao término da última sessão de Quanto Vale o Seu Riso, na pausa para o cafézinho esperto, aproxima-se de meu colega e eu, um menino de seus 9, 10 anos no máximo. Pediu com licença e queria trocar algumas palavras, estávamos na Zona Sul, em uma escola Municipal, e com esforço conseguimos prender a atenção daquela gurizada rebelde, por UMA incrível HORA, fomos até alvos de elogios da coordenadora, por tal feito. Ao nos disponibilizarmos para ouvi-ló, ele olhou pra nós, com um olhar muito sincero, que transpirava arrependimento adicionado à alívio e trabalho bem feito. Assim como diz em um dos meus bifes do texto do espetáculo, nos falou que a coragem de se desculpar por um ato falho, fazia muito bem ao coração. E que essa sensação era muito boa. Seguido disso pediu conselho de como se portar ao ver que seus colegas não tinham tomado a mesma atitude com a vítima do bullying praticado. 
Servimos nossa devida opinião sobre sua indagação e eu, particularmente, sai com o coração mais leve dos perrengues da vida adulta naquele dia.