...e pouco ele falava sobre as profundidades da vida com seu velho pai, talvez existisse ali um hiato entre dois mundos e duas realidades, mas amor, isso existia, ele tinha essa certeza, então bastava.
O velho pai entrou no quarto e disse: quer conversar?
Ele disse sim.
A conversa até foi extensa, entre tantas palavras e frases de alguém que já carregou o peso de grandes erros ele sabia o que precisava ouvir daquilo. O velho pai ajeitou seu óculos e seguiu:
- Meu filho, as vezes precisamos engolir alguns sapos na vida, engula sapos. Engula junto dos sapos, o orgulho. Não rebata a ira com ira, raiva com rancor, rebata as coisas da vida apenas com o Amor, insista com a verdade, revide com o bem que está dentro de você. Humilhar-se as vezes não quer dizer humilhar-se, pode querer dizer resignação, pode mostrar o quão resistente e forte você pode ser em qualquer situação. Caso contrário você estará apagando o fogo com gasolina.
Aquilo tinha sido muito forte. Ele se perguntou em quais momentos da vida tinha desejado e feito o mal para o seu semelhante. Com a resposta ele viu que aqueles pensamentos que o norteavam, não eram de sua origem, de seu cerne. Refletiu, chorou e respirou forte.
Ao olhar-se no espelho ele sabia que não tinha a beleza mais encantadora do mundo, nem o corpo mais convincente, nem o sorriso mais enquadrado, mas via as curvas do amor que carregava no peito, os músculos torneados da sua humildade, a luminosidade da sua benevolência e o alinhamento da sua generosidade. Talvez um dia isso tudo representasse o bem mais valioso que alguém pode ter.
E mais um dia ele venceu seu karma.
por Charle Oliveira
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