segunda-feira, 29 de junho de 2020

Ontem, Hoje e Amanhã


Será mesmo que a vida é apenas dualidade? Será que existe apenas dois extremos sob uma perspectiva? Riso e choro? Bem e mal? Forte e fraco? Novo e velho? Amor e ódio?
Eu lembro como se fosse hoje, mesmo não tendo muitas recordações da minha infância. Estava com 6 anos de idade, peguei uma cadeira de madeira e posicionei exatamente no meio da sala, na minha frente uma estante, daquelas bem antigas dos anos 90 com uma tv de tubo, imagem em preto e branco, atrás uma cortina, fundo branco e desenhos florais em dois tons de verde, era ela que dividia a sala, do quarto dos meus pais. Sentei, olhei para a cortina e chorei demasiadamente, minha mãe veio, meu pai também e mesmo parecendo que aquilo era um pedido de atenção, não era. Naquele dia mesmo não havendo acontecido nada, eu tive consciência sobre a morte. Algo despertou no meu subconsciente sobre a nossa jornada terrena, o nascimento, o crescimento, o envelhecimento e a morte. Eu tive a noção de que algum dia tudo o que eu tinha conquistado, tudo que eu mais amava iria partir, será que era medo da solidão ou da perda? 
Era. É. Da perda. Aceitar a perda do contato físico ou do abraço das pessoas que você ama, mão é nada fácil. Naquele dia eu não havia perdido nem meu cachorro, nem um parente, um vizinho ou assisti alguma noticia pesada na televisão. Aquilo apenas aconteceu.
Você também já teve a impressão de estar o tempo todo sendo preparado para algo? 
Hoje, após 26 anos eu entendi, que sim. Eu estava sendo preparado para um momento em que mudaria o meu olhar sobre as coisas que eu achava que eram minhas. Dezesseis anos após este acontecimento, tudo foi revelado, eu tive que lidar com a morte de uma forma dura, a doença que levaria minha avó. Nestes 16 anos eu compreendi a personalidade humana, a consciência dos próprios atos e a o resultado das nossas escolhas. Mesmo não sendo apenas bons ou maus, ter a consciência sobre a nossa colheita é importante. 
Você já se perguntou onde está realmente neste momento? Se talvez pudesse ter chegado em algum lugar melhor? Se o agora reflete aquilo que você imaginou quando era criança? Suas decisões o colocaram onde você está.
Entre o nascer e o morrer existe uma vastidão de caminho, mesmo para aqueles que cedo vão, o comprimento das coisas depende do ponto de vista de cada observador. Nunca é tarde para rever ou mudar a sua rota. Portanto, os dois extremos que observamos são apenas dois fragmentos que conseguimos enxergar de um todo, que talvez não tenha nem começo e nem um fim. 
Começo a entender o presente e hoje aceito tudo que a vida e eu mesmo, me presenteei positivamente ou não. Eu aceito a solidão. 
Aquém te peço perdão por tudo que causei e também te perdoo por tudo que fizeste.

Por Charle Ávila

domingo, 12 de maio de 2019

Quem Dera

Quem dera eu ser envolvido.
Mutilado pelo amor de braços.
Aquietado no aperto de um abraço.
Em silêncio de voz, mas em fala alta de respiração.
Quem dera eu acreditar no que escrevo.
Crer que é possível ancorar em algum Porto.
De águas calmas e emocionais.
Quem dera eu não ser iludido. Nem otimista.
Sobre acolhimento e prioridade

sexta-feira, 8 de março de 2019

A PESSOA CERTA

Se você chegou até aqui pensando que vou passar uma receitinha sobre como atrair a pessoa certa, sinto te informar que você está redondamente enganado. Agora, se você chegou até aqui pensando que vou te estimular a acreditar que a pessoa certa está por perto e você não percebeu, não seja uma anta quadrada, também nem é por ai. Apesar destes erros geométricos resolvi escrever sobre um puta clichê, ou um caminhão de clichês que no fim das contas fazem um baita sentido, que merda!
Vou iniciar com o maior clichê do universo, vá até a frente do seu espelho, seja qual for ele e voilà! Pronto, lá estará a pessoa certa. Por favor, se você simpatizou com estas linhas até aqui, não pare, eu sou idiota mesmo as vezes (sagitariano entende?).
A gente demora, a gente bate a cara na porta, a gente chora, esperneia, grita, ajoelha, pula, sangra, fica doente, odeia, briga, xinga, faz o diabo, mas não tem verdade maior do que essa. As vezes o caminho pra falar sobre isso é meio chatinho mesmo, como:
- "Primeiro você tem que se conhecer".
- "Seja feliz sozinho para depois ser feliz com alguém".
-"Sinta-se completo antes de tudo".
E por ai vai, tá errado? Não! Não existe certo ou errado nesse mundo de meu Deus, mas é chato pensar dessa forma. Porra, esperar nos conhecermos? Nunca né, somos mutáveis, somos cíclicos eu acredito que aqui, neste plano, nunca estaremos prontos o suficiente para nada, creio no caminho da aprendizagem mesmo, super real.
Tá, mas e ai? Morro sozinho? Não. Para. Sem drama amigo! 
Se agora eu fosse obrigado a escrever aqui o que eu acredito que seria interessante você prestar atenção para que trouxesse alguém que esteja mais próximo daquilo que você gostaria ou acredita que seria melhor, seria o seguinte:
- Olhe-se, assim mesmo com defeitos e qualidades, mas veja bem, faça uma análise real de quem você é e de suas atitudes (todas), não seja relapso com você mesmo, sinta-se, cavoque desde as suas bondades diárias até as suas maldades mais perversas. Pronto, depois deste scaner honesto, pergunte-se: quem eu mereço para estar ao meu lado? Imediatamente (se você foi honesto e sincero até aqui) você terá uma resposta.
E o mais importante desta resposta não é propriamente a resposta (olha eu enrolando de novo, meu orientador de TCC pegou no meu pé sobre isso), que seria: ah ele(a) tem de ser assim... Mas as coisas que você (baseado na sua análise pessoal honesta) NÃO MERECE.
Ah, mas isso é difícil! Não, se você não está tentando roubar ou se dar bem neste "jogo". 
Deixa eu te ajudar. A humanidade se desenvolveu sob um pilar chamado religião que nos foi apresentado deste os primórdios de uma maneira maquiada sob a denominação de fé, que são coisas completamente diferentes.
A religião, seja ela qual for, mas principalmente as bases mais populares, praticamente injetou em nosso DNA a ideia de pecado, que esta ligada diretamente ao conceito de punição, ou seja, de uma forma super resumida quero afirmar que nós crescemos com a punição sendo nossa grande mestra. Tá, mas e ai?
Bem, acredito que este bloqueio que está intrínseco em todos nós, nos prende de nos projetarmos e reconhecermos como pessoas que podem ser melhores mesmo depois de fazermos as maiores cagadas da vida, logo por esse motivo ou acreditamos que jamais vamos merecer algo bom em nossa vida (que pode ser qualquer coisa, inclusive uma pessoa) ou temos a tendencia de nos conformar com o mais ou menos, por que somos pecadores e merecemos passar por tais provações. 
E tem a pior parte disso tudo, que é acreditar que não temos forças para melhorar, que não temos capacidade de a partir de um erro gigante passar a ser uma pessoa melhor. E aqui entra um grande aprendizado pessoal, não julgue, se não te faz bem apenas siga em frente. O lance não é você deixar de sentir o que te magoa ou te faz chorar, mas simplesmente reconhecer com maturidade que você não precisa daquilo desta forma. 
Quando a gente para de se diminuir e acreditar que não merecemos as conhecidas migalhas, percebemos que mesmo sendo seres errantes somos merecedores de coisas muito boas, sermos bem tratados, merecemos respeito, merecemos fidelidade, merecemos carinho, merecemos boas palavras diárias, merecemos cordialidade, educação, cavalheirismo, atenção plena, pontualidade, honra com a palavra, reciprocidade. 
Talvez você cruze por ai com alguém que faça tudo por você assim mesmo como descrevi, por um motivo ou outro esta pessoa pode ser apenas uma alma que te olhou nos olhos com verdade e disse aquilo que você nunca acreditou e que além disso provou com coerência através de atitudes que alguém assim exista de verdade.

Charle Oliveira

sábado, 26 de janeiro de 2019

Sobre 10 dólares de carinho

Eu vivo repetindo por aí o quanto situações inusitadas me acontecem, sério as vezes eu penso que se ouvisse minhas próprias histórias de outras pessoas, talvez nem eu acreditaria. 
Bom, como é normal a quem vai para a praia, hoje minha amiga e eu encontramos um bom lugar na areia e estendemos nossas cangas para deitar e relaxar em baixo daquele sol belíssimo aqui de Punta Cana. Passado um tempo virei de bruços para bronzear um pouco as costas também, então pude perceber a minha frente um casal jovem, eles estavam a alguns metros, deviam ser alemale, americanos ou russos talvez. Como estavam bem na minha frente foi impossível não notar o carinho daqueles dois, era um amor de se ver. 
Ambos tinham a pele extremamente branca, ela parecia se incomodar mais com o sol e estava toda coberta com uma toalha, ele tirava o boné do rosto da moça e lhe dava alguns beijos rápidos, uma graça só, teve o momento da sessão de fotos que é sempre muito engraçado, depois ora ele ia para o mar sozinho, ora a vez dela, provavelmente revezavam o banho de mar para assegurar a proteção de seus pertences. Toda a vez que ela ia, ele ficava a admirando de longe com um sorriso bem extenso no rosto.
Um tempo depois pararam a minha frente, mas na beira do mar, um casal de amigos, um homem e uma mulher na faixa de seus 55-60 anos, os dois eram gordinhos e igualmente claros, estes sim eram tipicamente americanos, muito engraçados, um largava todas as coisas em ambos os braços do outro e fazia uma pose para a foto, brincavam e faziam caretas para as fotos, eram extremamente carinhosos um com o outro, fizeram sua sessão e seguiram caminhando na beira mar.
A quantidade de idosos aqui é impressionante, não era raro ver casais bem idosos passeando e banhando-se nas águas caribenhas. Como deve ser bom envelhecer aceitando suas rugas, os cabelos brancos e a gravidade do corpo com estes anos que chegam, eu só conseguia pensar nisso quando via os vovozinhos passeando de mãos dadas, certamente envelhecer ao lado de um cúmplice de amor deve ser ainda mais incrível.
SerS que no ano que vem o casal jovem estará junto ainda? Se sim, será que o carinho deles será mantido? Quais serão os obstáculos que amor deles passara?
A amizade dos americanos perdurará até o fim da vida deles? Vão segurar a mão um do outro até o fim? E os velhinhos? Como foram suas histórias? Suas vidas?
Sim amigo, eu entro numa nóia ou quase em parafusos quando começo a pensar sobre isso, fico a um passo de um vazio existencial gigantesco que engole minha alma eemeu coração, revisito toda a minha vida, me centralizo no presente novamente e boom! Desde a minha infância isso é recorrente e é engraçado por que estes vazios complexos não combinam com uma criança, de qualquer forma eu também nunca fui muito normal mesmo.
Para tentar explicar essa sensação eu sempre digo que é como se eu estivesse no espaço, sozinho, na escuridão e eu fosse a única claridade na vastidão, eu flutuo sem tocar os pés no chão, me sinto complemente sozinho, mas não fico triste, apenas sem expressão.
E é nessa hora enquanto sinto tudo isso, ali deitado de bruços na praia que uma criança se aproxima, um garotinho especificamente, de seus possiveis 6 ou 7 anos, loirinho, de olhos claros, ele estava caminhando junto com sua mãe e seu irmãozinho um ano mais novo talvez, que usava uma espécie de bota ortopédica ou talvez fosse uma perninha mecânica, não tive certeza, pois só percebi depois. Estavam à alguns metros longe de mim, caminhando proximo ao mar, notei que ele falava algo com sua mamãe, se desprendeu da mão dela e veio em minha direção, estendeu a mãozinha e me entregou uma nota de 10 dólares de brinquedo, disse que era um regalo para mim, confesso que fiquei sem ação e completamente emocionado, consegui agradecer e trocar algumas palavras, ele deu tchau e foi embora.
Eu não sei exatamente por que isso aconteceu. O que a criança pensou ao ter essa atitude? Porque escolheu a mim na vastidão daquela praia? Posso afirmar com toda certeza que essa situação me fez não me sentir tão intimamente sozinho com meus próprios sentimentos. O carinho é a forma mais doce de demonstrar afeto e amor para alguém. Voltarei ao Brasil com um amuleto que pretendo levar pra sempre na minha vida, 10 dólares de carinho.



quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Uma carta para o céu



Oi Vó, 
Essa semana eu precisei escolher três fotos pra levar pra gravação de um clipe que vai passar no dia da minha formatura, a homenagem para aqueles que são importantes na nossa vida e claro a nossa família. Pois é eu tive que mexer nas nossas fotos de novo, fazia tempo que eu não fazia isso, mas não foi tão difícil como costumava ser, afinal quero que de alguma maneira você esteja lá nesse dia comigo, eu sei que não vou poder pular lá de cima com aquele chapéu estranho e sentar no teu colo pra tirar uma foto, mas vou fazer questão de dar aquela olhada pra cima e te mandar um beijão. 
Eu vi que faz três anos que não escrevia nada pra você aqui, até parece bobagem, doideira da minha cabeça, mas é uma maneira que eu consigo entender que você está lendo. Sim, passou um pouco mais de um mês do teu aniversário, foi um dia 17 de agosto bem estranho, fiquei meio tristinho, mas estou bem e com saudades. E estamos naqueles meses em que eu tava de ensaio do natal também e recebi a noticia quando ainda estava em cima daquele palco de madrugada. Enfim, o pai e a mãe pediram para eu parar de pensar tanto na senhora, é porque eu falei pra eles que eu parei mesmo, acho que parei de fato, mas não tanto, seguido lembro não tem jeito. 
Eu tô fazendo meu tcc e no fim ele esta ficando mais emocional do que eu imaginava, posso até pensar que a senhora nem ia entender muito o que é um tcc, mas de qualquer jeito ia se mostrar interessada e a gente mudaria de assunto e daria risada de qualquer coisa depois. 
Eu não sou de sonhar muito mesmo, mas em oito anos te ver apenas duas vezes é dureza, mas que bom que foram sonhos inesquecíveis, isso já me conforta bastante. Bom quero que saiba que estou bem e que sigo aprendendo com a tua passagem por aqui e dando risada também das coisas que tu aprontava, véinha danada. Tô colocando na caixinha do correio agora com endereço para o céu.
Eu Te Amo tá!

Remetente: Charle Oliveira
Destinatário: Celencina Ávila Pereira 

segunda-feira, 25 de junho de 2018

QUANDO SEU PROFESSOR TE SURPREENDE



É isso mesmo, comecei sem querer uma série nova de textos por aqui, a sessão "QUANDO". Tenho percebido nos últimos tempos a importância dos quandos da nossa vida, talvez sejam eles que nos ajudam a superar e melhorar coisas que precisamos e não nos damos conta. 
Em meio a um caos chamado TCC, que já teve seu processo iniciado tive a brilhante (mentira, foi necessidade mesmo) ideia de cursar minha última disciplina de projeto, o temido Projeto V, e sim ele é bem tenso. A disciplina em si já é bem desafiadora, afinal não é todo dia que você precisa projetar um produto não é mesmo? Se não bastasse a complexidade disso, temos ainda um personagem bem peculiar que conduz essa disciplina: o professor Scarpa (acho que ele nem sabe que o chamo assim). 
Eu já tive o prazer de ter mais outras duas disciplinas com ele. De forma simples é assim: tem gente que o odeia e tem gente que o ama, porém um detalhe é indiscutível, ele é um baita professor, dono de uma mente incrível. Um grande designer e gestor. Falando em gestor minha última disciplina com ele foi Gestão do Design e isso tem alguns anos. Foi ao término dessa disciplina que eu decidi trancar a faculdade e mudar de estado e isso durou dois anos e meio. 
Me recordo que na época eu já estava ponderando essa possibilidade, mas tinham muitas dúvidas em jogo no processo todo, em um certo dia numa das aulas ele nos passa um vídeo e em seguida conta um pouco da história dele que é inspiradora. Ao cair algumas fichas de coragem, ao término da aula eu pedi pra conversar um pouco com ele, expus meus questionamentos, ele muito sábio me ouviu atentamente como sempre faz em aula e me deu alguns conselhos que foram grandiosamente uteis e assim eu segui. 
Lembro que um ano depois da mudança teve um dia que eu escrevi pra ele, agradecendo profundamente pela nossa conversa e que apesar das dificuldades eu estava feliz de ter feito esta escolha e me sentia tranquilo por isso. Resumidamente, depois de dois anos e meio eu voltei pra minha cidade e retomei o meu curso, meus antigos colegas já estavam quase todos formados e eu tinha saudades deles, o curso já tinha sido reformulado, algumas disciplinas que eu fiz já nem existiam mais na grade curricular, enfim era uma outra fase. E eu aprendei muito nesta outra fase e aliás ainda estou aprendendo.
Numa das últimas aulas em que ele fazia o assessoramento dos nossos projetos eu fiz uma pergunta e ele me respondeu seguido de uma conversa aleatória, quando ele solta o seguinte: sim, inclusive eu te uso como exemplo nas minhas aulas. 
Eu devo ter ficado bem pálido na hora, e de verdade meu ego não inflou por isso, a pergunta que não queria calar na minha cabeça é o por que ele fazia isso em aula. Eu não tive coragem de perguntar, fiquei com vergonha. Mas ele completou, e isso me deu uma indicação do que poderia ser, ele pegou a ata da chamada e verificou o ano em que eu comecei: 2007, tá aqui Charle. Tu começou em 2007, e tu lembra que eu pude acompanhar todo teu processo né, e isso foi bem legal. 
Bem provavelmente ele fazia referência ao fato de eu ter trancado o curso, ter mudado de estado e dedicar minha vida profissional a arte e depois de tantas coisas ter retomado e enfim concluir. Na volta da faculdade, passei a viagem toda refletindo sobre isso e como aquilo bem simples tinha me afetado positivamente. 
Isso serviu pra eu me orgulhar ainda mais da minha história, serviu pra que nos momentos difíceis eu saiba erguer minha cabeça mesmo quando vem algumas pedras na minha direção, por que de verdade o mais importante na vida é sermos protagonistas daquilo que escrevemos e dos lugares por onde a gente passa. Então mais uma vez eu limpo as feridas, coloco minha mochila nas costas e sigo a diante pela minha estrada.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

QUANDO SEU AMIGO HÉTERO DIZ QUE TE AMA


Sim, eu tenho uma infinidade de coisas para escrever aqui, principalmente quando o assunto é escrita solta e sentimento, coisas que costumeiramente aparecem no blog, porém o título desta postagem diz tudo sobre algo bem bom que aconteceu comigo e gostaria muito de compartilhar. 
Antes também é importante agradecer aos leitores que têm me dado um retorno sobre as postagens, seja com criticas ou elogios, além daqueles que se identificam com as minhas humildes linhas e fazem questão de me pontuar em quais textos se enxergaram, obrigado de verdade! 
Você pode estar pensando ao ler este titulo, num ponto de vista negativo, que isso deveria ser uma atitude comum e não motivo de comemoração. E você está coberto de razão, mas este pensamento não pode ser maior do que a satisfação de ver que as coisas podem ser melhores e mais, que podem ser propagadas. Tem um pensamento que eu sempre repito de que fazer o bem não tem limites e muito menos precisa ser segregado, não estou querendo ser o mestre da bondade, apenas penso assim (mas depois eu falo mais sobre esta parte). 

Semana passada durante nosso tradicional encontro que desta vez não era churrasco, mas uma bela pizza (ai dieta!), tá bom, eram duas pizzas. Nós (dois héteros e eu) debatíamos sobre tantas coisas que não vou lembrar detalhadamente, mas transitou entre política à relacionamentos, passando por trabalho e análises comportamentais. Antes de escrever eu me certifiquei que isso não aconteceu devido ao nível alcoólico hahaha, bebemos sim, mas nada de exageros.
Lá pelas tantas no meio de todo fervor do debate onde os três falavam ao mesmo tempo e em voz alta, um dos meus amigos (hétero, mas cara hétero de carteirinha e certificado sabe?) solta um: 
- meu, cara, eu amo o Charle (olhou pra mim) cara eu te amo sabia! 
Parei por alguns segundos (um filme começou a rolar na minha cabeça, eu vi que meus amigos héteros sempre estiveram ali, não tinham vergonha de sair pra festas comigo, muito menos sair à dois pra comer alguma coisa e parecer um casal gay, que quando eu ainda não compreendia minha orientação sexual mantiveram-se ao meu lado e que notavam quando eu estava triste e ofereciam uma conversa), fiquei emocionado, mas não demonstrei, por que se não eles iam dizer que isso é coisa de bicha HAHAHA.
Olhei pro meu amigo e ele estava com a mão estendida na minha direção, peguei na mão dele, ele me deu um abraço meio de lado e eu fiquei sem palavras, mas agradeci ainda meio envergonhado eu confesso. 
Foi nesse momento que meu outro amigo colocou a mão dele sobre as nossas e não falou nada, apenas fez um som como: é isso ai!. Nos entre olhamos e percebemos que com toda aquela diferença, mas também com muita semelhança nos amávamos muito e isso era perceptível pela energia que pairava no ambiente.
A energia de amor é uma energia transmutadora, capaz sim meus amigos de mover montanhas, a gente que as vezes não dá importância pra isso, pelo resto da noite continuamos nossos assuntos e eu até pude, por abertura dele, dar algumas opiniões sobre acontecimentos recentes da vida que o deixavam triste e que eu já tinha percebido há anos. 
Eu sei que pode parecer banal pra você tudo isso que escrevi, mas pra mim foi algo tão importante, que eu simplesmente compreendi a resposta do Universo às minhas dúvidas daquela semana.  Não estou dando moral de cueca, apenas sou uma ferramenta e não um exemplo.
Se você tem isso também, amplie. Se você não tem, construa
Propaguem amor, sem restrições.